A perspectiva de prolongamento da seca no Ceará este ano, fará com que os deputados cobrem dos governos Federal e Estadual mais medidas para enfrentamento dos problemas ocasionados pela estiagem. Inclusive, as emendas de bancada ao orçamento de 2016 do Governo Federal que colocam a saúde e o combate aos efeitos da estiagem como prioridades. De acordo com o deputado federal Raimundo Gomes de Matos (PSDB), a área de recursos hídricos recebeu emendas no valor de R$ 600 milhões, que contemplam sistemas de abastecimento de água, construção de adutoras, perfuração de poços profundos e cinturão das águas.
“Vamos cobrar sim. O governador (Camilo Santana) e autoridades nacionais sabem que o único caminho é a transposição do São Francisco. Não existe outro caminho. Era para ser entregue em setembro de 2015 e, agora, prometem para 2016. Sem essa transposição, o Ceará passará por um colapso hídrico mesmo. Fortaleza ficará sem água”, alertou o deputado Heitor Férrer (PSB). O Governo Federal prevê a entrega da obra em agosto de 2016.
Heitor lembrou que, recentemente, sugeriu que o Governo do Estado criasse o “são franciscômetro”. A ideia, conforme explicou, é que os parlamentares possam fiscalizar e destacar, mensalmente, o andamento das obras de transposição do Rio São Francisco e do Cinturão das Águas. Segundo ele, a obra de transposição tinha o término previsto para setembro, mas ainda não foi concluída, enquanto a obra do Cinturão das Águas encontra-se paralisada.
O deputado Carlos Matos (PSDB) questionou quais ações os governos Estadual e municipais estão tomando quanto ao racionamento de água. Vamos ter 2016 um colapso de água em Fortaleza? Não foi tomada nenhuma medida de dessalinização da água do mar, não temos medidas mais concretas, são coisas incrementais, fruto de uma mesma política anterior”, disse, lembrando que, desde o início da legislatura, vem solicitando à Mesa Diretora da Assembleia Legislativa a convocação do Colégio de Líderes, para que se realize uma discussão mais ampla sobre a crise hídrica. E prometeu manter a cobrança no retorno dos trabalhos legislativos.
O tucano ainda foi cético quanto à conclusão das obras da transposição do São Francisco. “Quem diz que a transposição vem no ano que vem? Nós estamos com mais de 64 municípios sem água”. A questão, conforme o deputado, é reestruturar o Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs), que “passa por uma crise de recurso e pessoal”.
Medidas
“Medidas sérias precisam ser adotadas agora. Será o pior se o quadro se confirmar. O Governo está realizando campanha de racionalização do consumo, mas devemos ter ações mais veementes, no sentido de controlar o desperdício. Mais um ano de seca será drástico. Tem de haver um choque na população”, alertou o deputado Antonio Granja (Pros), acrescentando que, “se perdurar o quadro, não haverá governo que resolva. E no próximo ano, até os poços secarão se não chover”.
Já o deputado Manoel Duca (Pros) pediu celeridade na escavação dos poços. “A coisa está se agravando. Na região do baixo Acaraú, a perfuração de poços está avançando muito lentamente. As pessoas estão cobrando muito mais velocidade”, alertou.
“O Governo está fazendo um grande esforço, cavando 1000 poços profundos e há a previsão da perfuração de mais 2.400 poços. Serão adquiridas mais 19 perfuratrizes. Ainda temos muita água no subsolo. Há bem mais reservas hídricas do que se imaginava”, afirmou o deputado Leonardo Pinheiro (PSD), vice-líder do Governo na Assembleia.
Fonte: O Estado