O deputado Genecias Noronha (PMDB-CE), parlamentar de primeiro mandato e legítimo representante do “baixo clero”, encabeça uma comitiva de insatisfeitos da base aliada que pediu uma audiência com o governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos. Os insurgentes deverão ser recebidos por Campos no Palácio das Princesas, sede do governo pernambucano, logo depois da Semana Santa. O grupo quer ouvir do próprio Campos se ele será mesmo candidato a presidente da República.
O mote do encontro é a insatisfação com o governo Dilma Rousseff. O peemedebista contabiliza 20 ou 30 deputados de vários partidos da base aliada, ressentidos com o tratamento que recebem do governo petista. Noronha afirma que o governo paga com ingratidão a lealdade da base aliada nas votações de seu interesse. “Somos base, mas recebemos tratamento de oposição.” Ele observa que no ano passado, deputados da base governista tiveram o mesmo valor de emendas empenhadas que a oposição. “Votamos com o governo, e o que ganhamos em troca? O governo só paparica os líderes. A turma está cansada, daqui a pouco vai explodir”, avisa.
O chamado “baixo clero”, do qual fazem parte Noronha e seu grupo de rebelados, forma a grande maioria da Câmara. Eles não têm cargos ou outras vantagens, não são recebidos por ministros e não têm trânsito no Planalto – prerrogativas reservadas aos líderes e vice-líderes partidários.
Mas por que recorrer ao presidenciável do PSB? “Campos é mais político, mais atencioso. Sabe ouvir”, diz o peemedebista. No fundo, há outra explicação. Essa dissidência vê na possível candidatura de Campos uma chance de expurgar o PT do poder, sem ter de migrar para siglas da oposição. Avaliam que a oposição não tem votos.
Diante da alta aprovação de Dilma, acham que um outro nome da base governista será mais competitivo que um representante da oposição.
Não será, contudo, um grupo de 20 ou 30 insatisfeitos que fará tremer os alicerces de sustentação do governo no Congresso. Dos 513 deputados, apenas 88 compõem, formalmente, a oposição, formada por PSDB (49), DEM (28) e PPS (11). Além disso, ciente das turbulências, Dilma entrou em campo para afagar os aliados.
Primeiro ampliou o poder de fogo do PMDB, afagando a bancada mineira com o Ministério da Agricultura e agraciando a sigla com a Secretaria de Aviação Civil. Depois restituiu o Ministério do Trabalho à cúpula do PDT, atendendo o ex-ministro Carlos Lupi, presidente da sigla. Na próxima semana, pretende finalmente acalmar o insatisfeito PR, representado no Congresso por 34 deputados e seis senadores. O PTB está na fila.