A pergunta que paira no ar é direta e inquietante: você se sente seguro no Ceará? Os últimos acontecimentos no estado mostram que, mesmo diante de operações ostensivas, números crescentes de prisões e o reforço no aparato policial, a sensação de insegurança ainda prevalece entre a população.
A evacuação do Fórum Clóvis Beviláqua após a localização de uma bolsa com indícios de material explosivo não foi apenas um episódio isolado: foi um alerta que expôs a fragilidade do ambiente público e institucional. Apesar do rápido trabalho das forças de segurança, o estrago simbólico já estava feito — o medo, mais uma vez, se sobrepôs à confiança.
De um lado, os dados divulgados pelo governo mostram avanço: aumento de 61,5% nas prisões de integrantes de facções em 2025. É um número robusto, que revela eficiência das operações. Mas, de outro lado, áudios e vídeos de organizações criminosas circulam em redes sociais como se fossem peças de propaganda, espalhando ameaças e a ideia de expansão territorial. Na prática, a violência se torna espetáculo, e, em um estado marcado por disputas entre CV, GDE e agora o TCP, essa narrativa pesa tanto quanto os índices oficiais.
A tragédia em Itapipoca, onde duas pessoas perderam a vida em um ataque a tiros no centro da cidade, reforça a ideia de que a violência não está restrita às disputas entre facções ou a grandes centros urbanos. Ela invade bares, praças e madrugadas. Esse tipo de episódio imprime na memória coletiva o sentimento de vulnerabilidade cotidiana: qualquer um pode ser a próxima vítima.
É inegável que o estado tem avançado em prisões, operações integradas e estratégias de enfrentamento. Porém, segurança não se mede apenas pelo número de criminosos atrás das grades. Ela se mede, sobretudo, pela sensação de confiança que o cidadão tem ao sair de casa, frequentar um espaço público ou simplesmente caminhar à noite.
Enquanto o medo continuar a ser mais forte que os números, o Ceará seguirá vivendo o paradoxo da segurança: mais prisões, mas também mais insegurança. A resposta à pergunta inicial continua sendo, para muitos, um silencioso e desconfortável não.
Imagem: divulgação na internet