Pesquisa mostrou ainda que os consumidores nordestinos têm mais dívidas com o cartão de crédito (76%). Em seguida, estão gastos com carnês (30%)
Em um momento não tão favorável para a economia brasileira, o pessimismo parece ter surtido efeito, não apenas nos investidores, mas também nos consumidores nordestinos. Levantamento realizado em conjunto pela Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi) e TNS Brasil revelou que 63% dos entrevistados acreditam que vai piorar o consumo das famílias no Nordeste, enquanto 18% vislumbram melhora e 19% acham que a situação ficará estável.
No entanto, o cenário parece ainda não assustar demais os cidadãos. Preocupação foi o termo mais usado pelos participantes da pesquisa em relação ao futuro, com 67%. Do total, 22% usaram o termo ‘otimista’, 3%, resignação, e apenas 8% admitiram considerar o pessimismo.
Em relação à oferta de crédito, 60% responderam que acreditam em piora, contra apenas 17% no ano passado, o que representa uma queda de 43% na percepção. O dado vai de encontro com o relatório publicado ontem pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), que apresentou dados que apontam para uma queda de 0,6% no Índice de Confiança do Consumidor (ICC).
PERSPECTIVA
Para o economista Alex Araújo, o cenário não é favorável para economia brasileira, já que é resultado do fraco desempenho de índices importantes do mercado financeiro, mas que não são impossíveis de serem revertidos. Conforme o economista, a melhora deve vir em 2016.
“Nós vivemos um momento econômico que combina aspectos fundamentais para o mercado em um período ruim, como a inflação e a escassez de crédito, além do comportamento do consumidor como o Índice de Confiança do Consumidor, que muda muito de acordo com as alterações nestes índices. Então, a partir do momento que esses indicadores melhorarem, o que deve vir a médio prazo, nós poderemos reverter a situação”, diz.
O economista ainda ressaltou que o ponto mais preocupante, no entanto, é a taxa de desemprego, que pode acabar complicando ainda mais vida dos consumidores e dos investidores, já que diminuiria o poder de compra da população e dificultaria o pagamento de dívidas antigas, elevando, consequentemente, os níveis de inadimplência.
“A taxa de desemprego é que pode ser preocupante, pois qualquer elevação pode prejudicar o mercado financeiro, por conta da inadimplência, por exemplo, já que vai ficar mais difícil para o consumidor quitar suas dívidas, você pode potencializar a crise caso esse problema não seja resolvido”, disse Alex. O consultor ainda comentou que o sucesso das medidas aplicadas pelo governo federal será fundamental para que a situação seja revertida, assim como a interpretação dessas ações pelo empresariado e a sociedade.
DDÍVIDAS
Sobre o tipo de dívidas contraídas pela população nordestina, o item mais citado foi o cartão de crédito, com 76%. Em seguida vêm os gastos com carnês (30%), outros (23%), financiamento de carro (14%), financiamento imobiliário (10%) e leasing (5%). Situação que pode piorar caso as projeções para alta da taxa de juros brasileira se confirmem em 2015. No Boletim Focus, o Banco Central elevou em 0,50 pontos percentuais a Selic até o fim deste ano e esta opinião é compartilhada pelos consumidores.
Cerca de 76% afirmaram que esperam o juros aumentem até 2016, 11% que a Selic ficará no mesmo patamar e apenas 13% acreditam em melhora.
FONTE: Diário do Nordeste