Procurador rejeitou alegações dos advogados de defesa dos réus, e ressaltou que há provas sobre a propriedade do triplex.
O procurador do Ministério Público Federal (MPF) Maurício Gotardo Gerum criticou o que chamou de “tropa de choque” em sua sustentação durante o julgamento do recurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, realizado no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre, nesta quarta-feira (24).
“São as tropas de choque que se formam no parlamento como instrumento de supressão do diálogo e imposição e imposição da força como instrumento de decisão. (…) Tropa de choque, com atuação nos mais diversos espectros, foi criada para garantir a perpetuação de um projeto político pessoal, que não admite outra solução nesse processo que não seja a absolvição”, disse.
“O processo judicial não é um processo parlamentar, a técnica que caracteriza o processo judicial é incompatível com a pressão popular”, acrescentou o procurador, que rejeitou os argumentos das defesas no recurso que é julgado no TRF-4.
Ao rejeitar as alegações das defesa, disse que merecia discussão apenas a questão probatória. “Os documentos não falam em cotas, sempre em um imóvel”, disse Gerum, relatando documentos apreendidos na casa do ex-presidente Lula e também na Bancoop, responsável pelo empreendimento.
Ele citou ainda o relacionamento de Lula com o ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, réu no mesmo processo, no episódio no qual o executivo mostrou o apartamento à família de Lula.
“Não há dúvida probatória, inúmeras notas fiscais, depoimentos e mensagens entre executivos, de que o imóvel estava sendo preparado para o ex-presidente”, afirmou. Ainda segundo ele, a defesa não conseguiu apresentar argumentos que afastassem as provas presentes nos autos.
“Maior esquema de corrupção da história do Brasil”, diz procurador sobre denúncias.
Em sua sustentação, Gerum falou sobre a atuação de Lula junto às diretorias da Petrobras, por meio das quais eram realizados os desvios, dizendo que testemunhas relataram que o ex-presidente tinha conhecimento do esquema.
“Então, o que nós temos aqui? Um presidente da República que nomeia diretores de uma estatal que engendram, juntamente com o clube das empreiteiras, o maior esquema de corrupção da história do Brasil” – Maurício Gerum, procurador.
“Lamentavelmente, Lula se corrompeu. Embora a defesa insista no ato de ofício para configuração do crime de corrupção, vale lembrar que essa questão já foi superada pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do Mensalão”, disse o procurador.
Assistência da acusação
O advogado René Ariel Dotti, assistente da acusação, disse que o caso tem provas diretas e indiretas, e que o processo revela duas ilhas de um grande arquipélago de ilicitudes. “Atentado gravíssimo”, afirmou.
Fonte: G1.com