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Notícias Política

“Lagosta, o nosso ouro do mar”

Em 2018 o Ceará exportou US$ 62,5 milhões de peixes e crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos. Foram 6,7 mil toneladas. Perdemos apenas para o Estado do Pará. Mesmo assim, o Ceará cresceu 14% no valor exportado e 40% no volume em toneladas, o que representou 25% da exportação nacional de pescados. Os nossos principais mercados consumidores foram, pela ordem, Estados Unidos, China, Guatemala, Austrália e Taiwan. Ao todo, mais de 40 países compraram produtos cearenses.

Em 2019, somente nos oito primeiros meses, o segmento de pescados, tradicional na pauta exportadora cearense, registrou crescimento de 199%, chegando a US$ 47 milhões ou cerca de R$ 190 milhões. Superamos o Pará, que ficou em segundo lugar. Para se ter uma ideia da importância do nosso crescimento nacional, exportamos US$ 11 milhões a mais do que o Pará. Em terceiro aparece Santa Catara, com US$ 15 milhões. Os números são do Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), com base em dados do Ministério da Economia, através da Secretaria do Comércio Exterior (Comex).

Mas, entre os crustáceos, o principal item na pauta de exportação é a lagosta¸ que contém cerca de 19 gramas de proteína em cada 100 gramas da carne do animal, além de ser rica em vitaminas e minerais e de contribuir para a formação dos glóbulos vermelhos, responsáveis pelo transporte de oxigênio para os tecidos, auxiliando na melhora do desempenho físico de atletas, por exemplo. A lagosta também é uma boa fonte de sais minerais, como o iodo. Os crustáceos, de uma maneira geral, são bastante consumidos no Ceará, principalmente o caranguejo, que também tem muita vitamina e sais minerais. A diferença é que a lagosta tem um preço mais alto por ser animal de difícil captura, já que vive numa profundidade marítima em torno de 500 metros.

Somente a exportação de lagosta este ano chegou ao montante de US$ 29 milhões, representando 61% de tudo que foi vendido pelos cearenses para o exterior. Registre-se que a lagosta inteira é bastante valorizada e neste aspecto temos nos preocupado através do Programa Lagosta Viva, do Governo do Estado. E a tendência é este segmento se consolidar, gerando cada vez mais emprego e renda no Ceará.

Mas, apesar de todos os esforços, há dois gargalos que precisam ser superados: o Ceará ainda enfrenta a pesca predatória Precisamos cuidar das espécies juvenis, da procriação da lagosta sem capturar as espécies ovadas e respeitar o defeso. Ai, sim, teremos uma maior produtividade. O outro gargalo, igualmente preocupante, é a logística, que garante a chegada e a reputação dos produtos cearenses no exterior. Os cuidados nesses transportes são, basicamente, com três tipos de deterioração: biológica/química e/ou físicas. Qualquer uma delas pode prejudicar a qualidade do produto para o comércio exterior, que segue critérios rigorosos para a compra dos produtos. 

Claro que o resultado das exportações poderia ser melhor se houvesse número de contêineres refrigerados suficiente para atender à demanda. Tanto o consumo interno como a exportação de pescados podem melhorar muito com uma boa logística. Precisamos de uma visão estratégica e profissional do setor pesqueiro para aproveitar de forma sustentável nosso potencial.

Assim, se continuarmos na luta pelo cumprimento do período de defeso e se aumentarmos a logística, o Ceará tem tudo para crescer, ainda mais, na exportação de pescados, principalmente, da lagosta, o nosso ouro do fundo do mar.

Por Sergio Aguiar

Deputado estadual do PDT/CE.

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