A capital do Ceará, Fortaleza, vive um dia de tensão após boatos de arrastões serem espalhados pelas redes sociais.
A repórter da Folha Flávia Marreiro conta que o medo se espalhou pelas lojas, quiosques, barracas na praia e até restaurantes. Todos fecharam antes do meio-dia.
Desde o dia 29 de dezembro, policiais militares e os bombeiros estão em greve. Eles reivindicam reajuste salarial, jornada de trabalho de 40 horas semanais e mudança no sistema de promoções.
“A capacidade de multiplicação dos boatos ganha uma escala difícil de ser controlada”, afirma Flávia. A jornalista ressalta que as mensagens divulgadas indicam os locais e horários onde ocorrerão os assaltos –“como se os bandidos fossem avisar os seus alvos”, diz.
JUSTIÇA
Uma liminar do Tribunal de Justiça do Ceará determinou a suspensão da greve dos policiais e bombeiros militares do Estado e seu retorno imediato ao trabalho.
A liminar foi expedida na segunda-feira (2). Na decisão, a desembargadora Sérgia Maria Mendonça Miranda aceitou o argumento do Estado do Ceará de que os manifestantes não têm direito à greve, pois exercem funções consideradas essenciais à população, como prevê a Constituição Federal.
“Embora reconhecendo o direito dos militares em buscar a melhoria de suas condições de trabalho, não se pode perder de vista a supremacia do interesse público e a necessidade de se dar continuidade ao serviço essencial, assegurando o atendimento sem prejuízo à comunidade”, escreveu.
A magistrada também determinou a reintegração de posse de veículos oficiais, quartéis e demais prédios ou instalações militares que estejam com os grevistas.
Em caso de descumprimento da decisão, ela fixou multa diária de R$ 15 mil para cada uma das associações e de R$ 500 para cada militar.
Ao pedir o retorno dos grevistas ao trabalho, o Estado sustentou que o movimento causa “evidente abalo à segurança pública” e disse ainda que os manifestantes retiveram ilegalmente veículos da PM, inviabilizando o acesso aos quartéis invadidos, e apropriaram-se indevidamente dos bens públicos.
Os militares afirmam que vão continuar a paralisação mesmo após a decisão judicial.