Portaria que liberava venda do grão expirou no fim de 2014.
Armazéns da CONAB estão vazios em vários pontos do estado.
A seca deixa mais de 90 municípios do Ceará em emergência. É praticamente a metade do estado, Mas esse ano, os agricultores não contam com o milho vendido pela CONAB por valores abaixo do mercado. Essa ajuda está fazendo falta nas propriedades.
O agricultor Antônio dos Santos plantou quase sete mil pés de milho em Canindé, no sertão central cearense. Ele esperava colher oito sacas do produto. Mas, com a seca, perdeu quase tudo. O pouco que colheu o agricultor vai usar para a ração das galinhas.
“A chuva veio e foi muito pouca. Aí o resultado é esse que o legume ficou dessa forma. Daí foi perda total”, diz Santos.
Os agricultores esperavam receber o milho subsidiado pela CONAB para enfrentar a estiagem. Mas o armazém da companhia de abastecimento que atende Canindé e outros sete municípios está fechado. A última carga, de mil toneladas, chegou em fevereiro e logo acabou.
“E até então o que nós sabemos que não iremos mais receber o milho da CONAB”, explica José Airton Lima, secretário de agricultura de Canindé.
O galpão da CONAB também está vazio em Santa Quitéria, na região norte do estado. A agricultora Maria da Penha de Oliveira teve que comprar o milho no mercado. Ela pagou o dobro em relação ao ano passado, quando adquiriu o produto com subsídio.
“A gente veio ver como eram as condições da CONAB, se ela ia voltar a funcionar, se vai voltar esse milho pra gente, por que é uma ajuda muito grande pra gente. O valor de dois sacos que nós comprava aqui, nós estamos comprando um hoje no mercado”, diz Maria da Penha.
O agricultor Evandro Lopes, que é produtor de leite, comprava a saca de milho por R$ 33. Hoje, ele está pagando R$ 47 no mercado local. A ração dada ao gado diminuiu, o que levou à queda na produção de leite. Há dois meses, ele não faz queijo. O preço do leite foi mantido, mas o produtor não sabe até quando.
O problema é que a portaria que liberava a venda do milho subsidiado pela CONAB expirou no fim de 2014. Este ano, a companhia está vendendo o milho a preço de mercado.
Hoje, o galpão em Maracanaú, que atende a 36 municípios do Ceará, ainda tem mais de sete mil sacas de milho. Foi o que restou da última carga do ano passado. O preço da saca é definido em Brasília. O valor é atualizado a cada 15 dias. Mas, a cotação desta segunda quinzena ainda não foi divulgada. Até a semana passada, a saca de milho era vendida a R$ 35,76.
Em Brasília, a ministra da Agricultura Kátia Abreu comentou a situação. “Nesse ainda não tem acordo sobre isso”, diz.
No fim de 2014, a saca de milho subsidiada sai por R$ 23.