Em entrevista à AFP, ex-presidente afirma que não guarda rancor nem de Cunha
A ex-presidente Dilma Roussef afirmou, na tarde de sexta-feira, 17, que poderá se candidatar à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal. Embora tenha sido afastada do seu mandato em agosto do ano passado, Dilma não perdeu os direitos políticos para ocupar cargos públicos, e pode, portanto, ser candidata a cargos eletivos. Em suas redes sociais, mantém a frase “presidenta eleita do Brasil”.
— Eu não serei candidata a presidente da República, se é essa a sua pergunta. Agora, atividade política, nunca vou deixar de fazer (…). Eu não afasto a possibilidade de eu me candidatar para esse tipo de cargo: senadora, deputada, esses cargos — disse Dilma, em entrevista à agência de notícia France-Presse (AFP), em Brasília.
Dilma diz não guardar rancores pessoais nem mesmo de seus detratores, como o ex-deputado Eduardo Cunha, responsável por comandar o processo de impeachment da ex-presidente na Câmara. Ela disse que conserva a mesma atitude em relação aos seus algozes que a torturam no período da ditadura militar (1964-1985).
— Eu não tenho em relação ao Eduardo Cunha nenhum sentimento de vingança ou qualquer coisa que o valha. Eu não tive em relação ao torturador. Não dou luxo para torturador de ter ódio de torturador, nem tampouco para o Eduardo Cunha.
Dilma demonstrou irritação ao ser questionada sobre o escândalo de corrupção da Petrobras. Em troca de contratos com a estatal, um cartel de empreiteiras superfaturava preços de licitações e pagava propina a agentes públicos e partidos políticos para financiar campanhas eleitorais.
— Os processos são extremamente complicados (…). Ninguém no Brasil sabe de todos os processos de corrupção hoje — afirmou.
Dilma disse que continua analisando os documentos do processo que a retirou do poder, substituindo-a por seu vice, Michel Temer, a quem voltou a acusar novamente de líder de um “golpe parlamentar”.
— As pedras de Brasília e as emas da Alvorada sabiam que eles estavam inventando um motivo para me afastar — afirmou a ex-presidente, em alusão aos animais que vivem nos jardins do Palácio da Alvorada.
Ela também comentou o resultado das pesquisas eleitorais recentes que projetam o ex-presidente Lula em primeiro lugar em todos os cenários eleitorais para 2018. Dilma disse que há um “segundo golpe” em andamento: criminalizar Lula para impedir que ele seja candidato.
— Apesar de todo o processo de tentativa de destruição da personalidade, da história e tudo, o Lula continua em primeiro lugar, continua sendo espontaneamente o mais votado — afirmou Dilma.
fonte: O Globo