A questão principal é: usa-se drogas porque elas estão à venda? Ou vende-se drogas porque existe a procura? Se o governo descobrir e concentrar os esforços diretamente sobre as causas, as conseqüências também cessarão.
Imagine um jovem pobre, com pouca instrução, sem perspectivas de bom emprego e que eventualmente passe necessidades. Imagine outro jovem, porém rico e que normalmente tem tudo o que deseja. Aconteceu de um deles se transformar em traficante e do outro se transformar em viciado. Considerando as características brasileiras, qual dos dois se tornou o traficante?
É verdade que um viciado sem drogas sente dores, mas um faminto sem alimentos sente a morte. A qual dos dois devemos compreender por se envolver com drogas? Ao que vende para alimentar a si e sua família, ou ao que consome, irresponsavelmente, para deliciar a si mesmo?
É importante lembrar que a população pobre não dispõe de muitas alternativas para se sustentar. Na realidade, a grande maioria tem que se sujeitar aos míseros trabalhos, lícitos ou ilícitos, que a população de posses lhes oferece ou lhes encomenda.
Em função da dificuldade prática, de se saber quem é traficante e quem é consumidor, temos que formular uma punição compatível com a desobediência de ambos. Tal punição deve ser a mesma para consumidor e traficante e não deve conter exageros nem benevolências.
No momento devemos nos centrar na discussão, métodos e ações práticas sobre a reestruturação familiar. Discussão essa que é longa e complexa, pois envolve todos nós desde o mais pobre ao mais rico, e que atinge diretamente a diferença de classes, os interesses políticos, a educação e tantas outras áreas essenciais.