A evolução da política, com as performances que ela impõe aos seus personagens, prega peças que, por vezes, deixam todos atônitos, e não só os que participam diretamente de seus eventos.
A escolha do nome de Camilo Santana para a disputa do cargo de Governador foi uma tarefa emblemática para a classe política, pois feita sem nenhuma participação do entorno natural da “base” que compunha o Grupo Ferreira Gomes. Veio como escolha pensada e maturada do ex-governador Cid Gomes, entre muitos pretendentes ao cargo o nome de Camilo.
Com o passar dos dias, já ocupante do cargo maior do Estado, o então Governador Camilo Santana mostrou-se pálido, inerte e sem perspectivas de Gestor… enfim, uma gestão criticável. Conseguiu o feito inerte de esconder-se por trás de um governo desnudo, apagado, com freio-motor ligado, com se, à propósito, tenha estagnado as obras perenes e constantes de seu antecessor.
A classe política ficou órfão; andava de um lado para outro, como à procura de um norte! A sombra clara e presente da ótima administração de Cid Gomes, colocou a comparação com a inércia do Governador Camilo Santana, inevitavelmente.! Por último, a excelente gestão do Prefeito Roberto Cláudio em Fortaleza, também pincelou a curiosidade do povo, pois como é que Roberto Cláudio constrói e avança sistematicamente em todos os setores, e o governo estadual se mantém com o freio de mão puxado, e sem olhar para os lados ou para frente?
Conquanto, a discussão sobre a punição – que não houve –, dos coronéis que quase se rebelaram contra o governo e os “Ferreira Gomes”, quando da eleição para Prefeito de Fortaleza, puxados e incitados pelo candidato de oposição, Capitão Wagner, foi o estopim de uma crise sem “lentes”. Ciro Gomes fez cobranças duras da ausência de reação e do nanismo decisório do Governador, que nada fez diante de ameaças de militantes militares, que desmoralizaram o governo e se insurgiram de maneira intolerante.
O calado Governador Camilo Santana, guinado pela amizade parceira de seu pai, Eudoro Santana, foi atrás das armas de reação, fazendo uma visita já adredemente marcada com Senador Tasso Jereissati que, com a experiência que o tempo lhe concedeu, proferiu as cartas de reação e proteção ao jovem Governador Camilo, que, repentinamente, sem mostrar suas verdadeiras intenções, azeitou a política trazendo nomes de staff do PSDB e ligados ao “Galeguin dos Zói Azul”.
Primeira reação do Governador Camilo Santana foi, silente, demitir Secretários e nomear pessoas fora do circuito de Sobral. Nomes consagrados tucanos foram chamados a sentar a seu lado: colocou na Secretaria do Planejamento nada menos que o fortíssimo tucano Maia Júnior, na Pasta da Justiça, trocou Hélio Leitão por Socorro França, inseriu na Secretaria das Cidades o ex-Reitor da UFC, Prof. Jesueldo, demitindo Lúcio Ferreira Gomes e transferindo o mesmo para a Infra Estrutura, além de outros. Além do meio político espalha-se noticias nos corredores do Palácio da Abolição que deverá haver mudança do Secretário da Fazenda Mauro Filho pelo tucano Lima Matos, amigo de Tasso Jereissati, e sempre seu fiel seguidor…
Posteriormente a isso, o Governador Camilo Santana recebeu convite, e anunciou, para compor os quadros do PSB, posto que já havia afirmado que deixaria o desgastado e inutilizado PT… foi recebido diversas vezes pelo Presidente Michel Temer, pelas mãos precisas do Deputado Danilo Forte, com as graças do Senador Tasso Jereissati.
Antes do mal estar, já se falava que o próximo candidato ao Governo do Estado seria Cid Gomes e que o Governador Camilo Santana seria agraciado com uma das vagas ao Senado! Hoje está mais do que claro que Camilo Santana sinalizou que não aceitará ser atropelado e que será sim, candidato ao Governo, diante da indiscreta aproximação ao Senador Tasso Jereissati e outros cacifes da oposição.
O “azeitamento” feito pelo Governador Camilo na política cearense mostrou-se disposto a brigar pelo cargo que ocupa e deixar a coleira cravada pela “Família Ferreira Gomes”, com o sinal de alerta aceso, pois o quadro não lhe é nada apreciável.
No quadro a se desenhar, com o Gov. Camilo Santana filiando-se ao PSB, e com o alinhamento político ao Senado Tasso Jereissati (PSDB), do Senador Eunício Oliveira – Presidente do PMDB e futuro Presidente do Senado, do ex-governador Lúcio Alcântara e Roberto Pessoa (PR), do Presidente do Tribunal de Contas dos Municípios, Conselheiro Domingos Filho, que traz consigo seu filho, Deputado Domingos Neto (PSD) e sua esposa Patrícia Aguiar (PMB), do Deputado Federal Genecias Noronha, além de Deputados e Vereadores e Prefeitos ligados aos Partidos acima, será uma luta árdua que deverá ser travada em campo minado por denúncias e acusações de um lado e outro.
O cenário assim dará a chance de Tasso Jereissati voltar para o topo alencarino, vez que, perto do Presidente da República e com o currículo de respeito no país, trazendo a tiracolo um Governador de Estado, lhe reforçará ainda mais quando instado a Presidência da poderosa Comissão de Desenvolvimento Econômico. O Senador Eunício Oliveira, uma vez Presidente do Senado será um potencial candidato a reeleição…
Assim, traçado esse cenário, que o Governador Camilo, já esperto, sempre que provocado se irá acontecer, responde com um “riso saudável”; daí, condição da Rainha da Inglaterra dos Ferreira Gomes pode ficar à perigo de perder a “coroa”, pois a clave do grande Governador Gonzaga Mota sempre persegue a política e aos políticos: “A POLÍTICA É DINÂMICA”.
Chico Chaves – Advogado Municipalista