O cenário político da direita brasileira ganhou novos contornos neste sábado (5) após o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), responder de forma dura às declarações do senador Ciro Nogueira (PP-PI), concedidas ao jornal O Globo. Em nota pública, Caiado acusou o ex-ministro da Casa Civil de “ansiedade vergonhosa” ao tentar se posicionar como candidato a vice na chapa do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), e de agir como “porta-voz não autorizado” do ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Ciro Nogueira não fala por Bolsonaro”
Caiado foi direto ao afirmar que Ciro Nogueira tenta se impor como representante do bolsonarismo, mas que não tem legitimidade para isso.
“Se Bolsonaro quiser escolher um porta-voz, certamente será um de seus filhos ou sua esposa, Michelle. Não o Ciro Nogueira, senador de inexpressiva presença nacional, que um dia já jurou amor eterno ao Lula”, escreveu o governador.
O goiano também criticou o que chamou de tentativa do senador de “vetar” candidaturas dentro do campo conservador, citando Romeu Zema (MG), Eduardo Bolsonaro (SP) e ele próprio como nomes excluídos pelo piauiense.
“Não dependo de aval de Ciro Nogueira para minha pré-candidatura”, afirmou.
“Ciro não tem força nem no Piauí”
Em tom ácido, Caiado ainda comparou seus índices de aprovação com a situação política de Ciro Nogueira em seu estado.
“Tenho 88% de aprovação em Goiás, a maior entre todos os governadores. As mesmas pesquisas mostram que Ciro não tem forças sequer para se reeleger senador no Piauí”, disparou.
O governador também evocou a figura de Antônio Carlos Magalhães, dizendo que, para ter voz nacional, é preciso primeiro ser respeitado em seu estado.
“Presto mais respeito a Bolsonaro do que Ciro jamais prestou”
Caiado ressaltou que, ao contrário de Ciro Nogueira, ele e os demais nomes citados sempre estiveram ao lado de Bolsonaro desde o início.
“Todos nós que fomos ‘vetados’ apoiamos Bolsonaro desde sua primeira eleição, diferente do senador, que teve uma posição ácida em relação ao ex-presidente”.
Por fim, o goiano concluiu sua nota com um recado direto: “Sugiro ao já quase ex-senador que tenha mais moderação e respeito com os demais nomes da direita. Ciro Nogueira não tem estatura política para julgar as pré-candidaturas a presidente, incluindo a minha”.
Tensão aberta no campo da direita
A resposta de Caiado expõe uma fissura crescente dentro da direita brasileira, marcada pela disputa pela herança política do bolsonarismo. Enquanto Tarcísio tenta se consolidar como nome viável nacionalmente, líderes regionais como Caiado e Zema buscam espaço, e Ciro Nogueira tenta se firmar como articulador nacional do grupo.
Com a eleição presidencial de 2026 no horizonte, a troca de farpas entre duas das principais figuras do campo conservador revela um ambiente de fragmentação e disputa antecipada pela liderança da direita no pós-Bolsonaro.